As Crônicas de Gelo e Fogo e as Mulheres

 

Lendo o blog Kissed By Fire, me deparei com esse pequeno documentário muito bacana sobre Game of Thrones, que me inspirou a escrever esse post:

 

 

[PODE CONTER SPOILERS DO SEGUNDO E TERCEIRO LIVRO]

Em determinada parte do documentário, eles mencionam o quanto essa série é cheia de personagens femininas fortes, e chega a ser classificada por Kit Herington como uma série feminista.

 

 

George RR Martin tem um grande leque de personagens femininas, as quais criou e descreveu com a mesma dedicação que todos os homens da série. Ele criou desde a mulher que aceita o papel de mãe e esposa, mas que luta com todas as forças pela família (Catelyn Stark, Lisa Ayrin, Cersei Lannister), passando pela mulher que não aceita o papel feminino e quer lutar ao invés de assistir a guerra passivamente (Arya Stark, Brienne of Tarth, mulheres da família Mormont, Asha Greyjoy), até as mulheres femininas e cheias de poder (Daenerys Targaryen, Sand Snakes, Arianne Martell, Melisandre). É claro que ele também retratou os pequenos passarinhos, que se contentam em ser bonitinhos e agradar os futuros maridos (Sansa Stark e a maior parte das mulheres da Casa Frey).

 

 

O que eu gosto mais sobre a série é que não são apenas as mulheres (e não são todas as mulheres) que agem pelo impulso e coração. Começando pelo rei Robert Baratheon, cujo maior motivo para destronar a família Targaryen foi a morte de sua querida Lyanna. [SPOILER ALERT] Logo após Catelyn Stark libertar Jaime Lannister por amor às suas filhas, e ter de ouvir que fez isso pois tinha o coração mole de uma mulher, seu filho retorna para casa com uma esposa, quebrando seu contrato com a família Frey e condenando uma guerra inteira [FIM DO SPOILER]. Na história há sempre esse equilíbrio, das coisas feitas por serem a coisa certa a se fazer, e das coisas feitas pelo coração – e isso engloba todos os seres humanos da série, pois é uma condição humana.

 

 

Ele também mostra constantemente as pressões e preconceitos que essas mulheres sofriam, [SPOILER ALERT] como Brienne of Tarth, que teve sua virgindade em questão em uma aposta de outros homens do exército de Renly Baratheon, ou Arya Stark que era forçada a aprender a costurar e ser uma dama (até que seu pai resolve deixá-la aprender a luta com espadas), Cersei Lennister, que não pode comandar o reino como rainha, sendo apenas a guardiã de seu filho, que seria o verdadeiro rei, etc. Acho muito divertido o jeito que Daenerys Targaryen se utiliza disso para vencer dos senhores escravagistas, com a famosa frase “sou apenas uma menina jovem, que nada entende de guerras”, para depois derrotá-los e conquistá-los com seus próprios planos. [FIM DO SPOILER]

Mas ao mesmo tempo que admiro o caráter cru e visceral da série (como já comentei em outro post), essa coisa de mostrar o quanto a realidade era dura e violenta numa época medieval, acho que o autor exagera no número de vezes que menciona o estupro. Chega até a ser violenta essa constância, ao ponto de que penso que, talvez, uma vítima desse tipo de violência não consiga ler o livro. Ok, nós entendemos – é fantasia mas é fortemente inspirada na época medieval, e sabemos que nas guerras isso acontecia (e aconteceu até o século XX). Mas questiono a necessidade de mencionar tantas vezes.

Ainda assim, acho que George RR Martin está fazendo um ótimo trabalho, englobando homens e mulheres, nerds e não-nerds, jovens e adultos. Nunca uma fantasia medieval alcançou um público tão grande, e não é sem motivo; ele trata todos os assuntos, sejam doloridos ou felizes, com realismo e sinceridade. Continuo apaixonada pela série e inspirada por todas as grandes mulheres que fazem parte dela.

Cast da 2ª temporada de Game of Thrones

Achei um vídeo bem legal mostrando os atores que farão os novos personagens na 2ª temporada de uma das séries favoritas do momento!

 

E aí, o que acharam dos atores escolhidos? Não conheço o trabalho de atuação da maioria, exceto pela linda da Natalie Dormer (que vai fazer a Margaery Tyrell – muito bem escolhida, por sinal!). Mas fisicamente achei boas escolhas! E vocês, gostaram?

Comentários: Crônicas de Gelo e Fogo (livros 1 e 2)

Gostaria de abrir o post avisando que, para quem não leu os dois livros (A Game of Thrones e A Clash of Kings), contém spoilers. Também não quis intitular o post como “crítica” porque não me considero conhecedora o suficiente para escrever uma, então serão só meus comentários mesmo, a minha opinião, o que eu achei e senti lendo os livros.

Aliás, queria dar a dica pra vocês: aqui no Brasil os livros são bem caros, mas encontrei na livraria Saraiva um box em inglês com os 4 primeiros livros da série por R$ 67,50, nesse link. Na loja física o mesmo box custa R$ 74.00. Também é possível comprar os livros do box separadamente. Pra quem consegue ler em inglês é um excelente negócio, já que apenas o primeiro livro em português custa R$ 49,90.

Eddard Stark: o retrato da honra

Eddard Stark: o retrato da honra

Eu estou adorando ler Crônicas de Gelo e Fogo. Acho muito interessante a divisão de capítulos pela visão de cada personagem e, acima de tudo, adoro o realismo com o qual a história é contada. E aqui eu quero dizer: o que realmente acontece numa guerra medieval, o que realmente acontece com uma pessoa em coma na cama na época medieval, etc. O autor não poupa detalhes  sórdidos que O Senhor dos Aneis poupa o leitor de saber, por exemplo. Isso não é uma crítica ao Senhor dos Aneis, adoro também. E gosto do fato do Senhor dos Aneis poder ser lido tranquilamente por crianças, por exemplo. Só são livros quase opostos dentro do gênero, e acho que é por isso que as Crônicas de Gelo e Fogo fazem tanto sucesso: não poupam o leitor de nada, de nenhuma dor, de nenhuma verdade.

Acho que um enfoque bem grande até agora foi mostrar o quanto os “bonzinhos e honrados” podem se dar mal e o quando os maquiavélicos e/ou sem escrúpulos podem se dar bem. Adoro como a história faz com que nos apaixonemos por um personagem honrado só para matar ele depois e nos deixar sem ar. É toda uma construção para fazer com que pensemos que o bem triunfará, só para que tudo seja perdido depois.

Tyrion Lannister: amado por todos os aleijados, bastardos e coisas quebradas

Também adoro como eles mostram que nem sempre os “vilões” são crueis, matadores de criancinhas e estupradores de donzelas, como mostra Tyrion Lannister, membro da família mais odiada dos 7 Reinos. Ele é um personagem construído de maneira extremamente rica, um dos meus favoritos; um exemplo de força e determinação e, ao mesmo tempo, cada vez mais mostrando sua vulnerabilidade ao leitor. Dono de uma incrível inteligência, capaz de manipular desde os inimigos até a própria irmã, e ainda lutar de cima de seu cavalo com um machado. Tenho certeza que todos os aleijados, bastardos e coisas quebradas se apaixonaram por Tyrion como eu me apaixonei.

Daenerys e Drogo: como fazer o leitor amar um povo de bárbaros

E o autor ainda foi capaz de fazer com que criemos simpatia por um povo de bárbaros que saqueia vilas e escraviza seus moradores! Quem não chorou a morte de Khal Drogo? Daenerys Targaryen, que veio originalmente de uma longa linhagem de reis e rainhas morta no passado pelo “Usurpador” Robert, com certeza conquistou mais corações do que qualquer personagem do livro – e logo após, foi odiada por confiar na “maegi”, e então amada novamente por ser a “Mãe de Dragões”. Tiro meu chapéu para George R. R. Martin por essa parte da história, em especial.

Arya Stark: força e determinação

E não posso deixar de lado minha personagem feminina preferida: Arya Stark. A criança mais corajosa já cantada pelos bardos, com certeza. Ao contrário da sua irmã “Sonsa” (desculpa o trocadilho, ele nasceu pra ser feito), ela se dispõe a ser menino e faxineira de um castelo inimigo, para poder sobreviver e voltar para sua família. E ainda se nega a ser a “dama” que a sociedade espera que ela seja… Meu coração bate forte por ela, confesso.

No segundo livro, eu adorei a Sansa Stark finalmente se dando conta de que ela foi uma idiota, de que traiu o próprio pai e de que se encantou por um príncipe que ela imaginou, e não o que estava na frente dela. Ela tomou alguma força, mas ainda considero a personagem mais desinteressante do livro.

Eu não vou comentar o Theon Greyjoy, porque eu odeio ele tanto que nem sei pôr em palavras. Mereceu o fim que teve e espero que os corvos comam os olhos dele.

Tenho certeza de que faltou o que falar, mas o post já estava ficando muito extenso. Outros personagens que amo, como Jon Snow e Rickon, ficarão para outra hora.

Se você leu até aqui mesmo sem ter lido os livros, espero que eu tenha conseguido deixar uma vontade de ler, porque é realmente uma saga genial. Se você leu, o que você achou? Deixe sua opinião nos comentários =)